O controle dos navios que atracam nos portos do Rio Grande do Norte passará a ser mais rigoroso. A Companhia de Docas do Rio Grande do Norte (Codern), por meio de determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está restringindo desembarques de navios provenientes de áreas de risco do vírus ebola. Amanhã (10), órgãos estaduais, municipais e militares se reúnem para determinar o procedimento de resposta em casos afirmativos da doença no Estado.
Novos procedimentos de controle dos portos e aeroportos e para as entidades de saúde deverão ser delineados ainda hoje, em reunião de todos os ministérios, em Brasília. O Brasil já está no 8º plano de contingência para casos de ebola no país, embora nenhum tenha sido registrado até agora. No RN, a Codern finalizou o primeiro plano, uma vez que a fronteira marítima do estado é uma das mais expostas, uma vez que o porto de Areia Branca recebe navios oriundos da África.
“O porto de Areia Branca era uma das nossas principais preocupações, uma vez que recebemos vários navios da África. A Anvisa está limitando a expedição de Livre Prática para os navios que chegam. Eles só abastecem e vão embora”, afirma Maria da Conceição Fernandes, coordenadora de Meio Ambiente, Saúde e Segurança da Codern. De acordo com ela, a companhia de docas finalizou o próprio plano de contingência em julho deste ano.
Agora, todos os navios provenientes de áreas de risco precisam entrar em contato com o porto antes de atracar. Antes de ser liberado, os navios serão deslocados para a área de fundeiro de quarentena do porto, onde receberão visita dos técnicos da Anvisa. Caso não seja constatado nenhum caso suspeito, o navio é liberado para fazer a descarga e recarga de mercadoria. “Mas, a Anvisa não tem se mostrado a favor de fazer a liberação para desembarque”, diz.
Em nota enviada à TRIBUNA DO NORTE, a Agência informou apenas que “Navios que tenham registro de circulação em áreas afetadas pelo Ebola nos últimos 21 dias só recebem o certificado após análise detalhada e minuciosa da situação de bordo (análise de documentos complementares tais como registro médico de bordo, registro de consumo de medicamentos, ports of call etc.).” Entre os países listados como “de risco” pela Organização Mundial de Saúde (OMS) estão Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Até a última sexta-feira, 8.033 casos da doença haviam sido registrados no mundo, e 3.879 óbitos confirmados, segundo boletim da OMS.
De acordo com a Capitania dos Portos, já existe um sistema de controle para que navios atraquem no porto, mas ele passará a ser mais rigoroso. O comandante das embarcações deve, obrigatoriamente, informar à Capitania caso um membro da tripulação apresente sintomas da doença, como febre, diarréia e tosse. “Além disso, já existe um Sistema de Controle de Tráfego que nos permite saber a origem do navio. Se for de uma área de risco, ele passará pela vistoria”, afirma o capitão dos Portos, Alexander Assumpção.
Um plano de contingência também está sendo elaborado pelo Aeroporto Internacional Aluízio Alves. “Vão estruturar uma sala para fazer um primeiro atendimento dos casos. Se acontecesse hoje, eles iriam isolar os pacientes nas ambulâncias que eles têm lá”, afirmou Isabel Costa, coordenadora adjunta do Núcleo de Educação Permanente do SAMU. A TN enviou perguntas para o Consórcio Inframérica sobre o plano, mas o e-mail não foi respondido até o fechamento desta edição.
Orientações
Para portos
— O certificado de Livre Prática só é emitido com a checagem dos documentos da embarcação e da situação clínica dos tripulantes
— Quando a embarcação não passou em área afetada nos últimos 21 dias, o certificado é concedido via rádio
— Quando passou em área afetadas nos últimos 21 dias, mas NÃO tem casos suspeitos a bordo, o certificado é emitido, mas o navio ainda pode ser verificado por fiscais
— Quando tem casos suspeitos a bordo, é feito o isolamento do paciente e desembarque. Navio fica em quarentena até o descarte do caso como Ebola ou minimização do risco
Para aeroportos
— Checagem da origem e do quadro de saúde do viajante. Em casos suspeitos, a remoção é feita pelo Samu
— Caso uma pessoa desenvolva sintomas durante o voo, a tripulação aciona as autoridades sanitárias em solo. Se os sinais e sintomas se confirmarem, o viajante é isolado em hospital. Ambientes e equipamentos, assim como trabalhadores envolvidos com o atendimento, devem ser descontaminados
Fonte: Tribuna do Norte
Imagem: Jean Fábio