Em 2013, o Credit Suisse divulgou um estudo sobre a infraestrutura do Brasil intitulado: “É agora ou nunca”. Em meio às esperanças com o então recém-lançado programa de concessões pelo governo, o texto abordava a grande oportunidade preencher a lacuna de investimentos na área e as medidas que deveriam ser tomadas para aproveitar o momento de confiança e crédito internacional mais fácil.
Só na área de transportes, o diagnóstico era que os aportes em projetos somavam 0,6% do PIB, metade do necessário para garantir um crescimento sustentado de 4,5% para a economia. Passados quase dois anos do estudo, pouco se avançou nessa questão, quase sempre pela ineficiência do Estado.
No ano passado, durante a campanha eleitoral, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um mapa estratégico da indústria para o período 2013/2022, no qual calculava parte do custo no atraso de projetos do setor. Em apenas seis obras sobre as quais a entidade colocou sua lupa estimou-se perdas de R$ 28 bilhões.
Os motivos para a postergação das entregas são conhecidos: má qualidade dos projetos básicos, demora na obtenção de licenças ambientais, má gestão dos projetos durante as obras, falta de qualificação técnica, e viés da decisão política em detrimento de critérios técnicos.
Enquanto isso, o País vai perdendo o bonde da história. O FMI divulgou anteontem sua avaliação anual sobre a economia brasileira e deu bastante destaque para nossas ineficiências de infraestrutura e seus impactos na competição global do comércio exterior. Na comparação com outros pares, o Brasil só tem vantagem contra Argentina e Cazaquistão (quando avaliados os transportes) e Rússia (quando considerada a área de energia).
Agora que o Brasil tenta retomar seu plano de passar para a iniciativa privada parte dos grandes projetos, é a hora de rever conceitos. Dimensionar as obras de maneira realista, obter com antecedência as licenças ambientais necessárias e trazer o setor privado para as discussões prévias já sinalizaria uma mudança de rumos. Ou vamos outra vez optar pelo “nunca” sugerido no estudo.
DCI – Opinião