Desde o final do ano passado, companhias estão sem acesso aos recursos disponibilizados pelo Programa de Financiamento às Exportações (Proex); situação tem prejudicado alguns negócios
Dados do Tesouro Nacional mostram aumento no repasse de recursos da União ao Programa de Financiamento às Exportações (Proex), durante o primeiro trimestre de 2015.
Neste período, o Tesouro direcionou R$ 101 milhões ao programa, 57,8% a mais do que foi repassado nos primeiros três meses de 2014.
A consultora sênior da Barral M Jorge Consultores Associados, Lúcia Helena Monteiro Sousa, afirma, no entanto, que essa alta está relacionada aos desembolsos aprovados até o ano passado. Segundo ela, em novembro de 2014, os recursos disponibilizados ao Proex Equalização se esgotaram, interrompendo, dessa forma, as aprovações.
Lúcia destaca que a valorização do dólar frente ao real explica também o aumento de recursos destinados ao Proex, nos dados recentes do Tesouro. “A alta do dólar consome grande quantia de reais”, diz.
Início do ano
As liberações do programa estão paralisadas até hoje e, provavelmente, devem ser retomadas após o anúncio do contingenciamento do Orçamento, até o final deste mês, de acordo com a especialista. “As aprovações do Proex estão paradas neste início de ano por uma indefinição em torno dos recursos que serão disponibilizados ao programa. Até o momento, o Orçamento está prevendo R$ 1,5 bilhões para o Proex Equalização – o mesmo valor liberado no ano passado – e R$ 2 bilhões para o Proex Financiamento. O ministro [do Desenvolvimento] Armando Monteiro está pedindo mais, já que as operações estão atreladas ao dólar e ao euro”, diz.
“O grande problema dessa demora é que a dinâmica do mercado é diferente do tempo das decisões do governo. As empresas estão perdendo negócios, pois, muitas delas, fecham pacotes de exportação já com o financiamento. […] No caso do Proex Equalização, por exemplo, há muitas exportações de máquinas e equipamentos que precisam de crédito, pois nenhum cliente quer efetuar os pagamentos à vista. Geralmente, as vendas de manufaturados são parceladas”, complementa a especialista.
Sobre a situação dos desembolsos do Proex Financiamento, Lúcia diz não ter informações detalhadas. A reportagem procurou o Banco do Brasil para esclarecer o assunto, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.
De acordo com dados disponibilizados pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), as emissões do Proex Equalização tiveram retração de 3% em 2014, para US$ 287 milhões. Em 2013, os desembolsos somaram US$ 298 milhões.
Estados Unidos (US$ 100 milhões), Angola (US$ 34 milhões), Peru (21 milhões), Cuba (US$ 19 milhões) e México (US$ 14 milhões) lideram a lista de países com mais uso do financiamento. Para os EUA, por exemplo, houve um aumento de 80% nas exportações beneficiadas pela equalização, no ano passado. “Nesse dado sobre os Estados Unidos, as vendas de aeronaves devem ter pesado. Em 2014, houve uma elevação de exportações de manufaturados para o país e isso se reflete nos números do financiamento”, afirma.
“Já para as regiões da América Latina, há bastante financiamento de exportação de serviços”, finaliza Lúcia.
DCI
Por Paula Salati