Desde que assumiram o comando do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), em agosto de 2014, o trabalho dos acionistas controladores do consórcio RioGaleão — a Odebrecht TransPort e a Changi, que opera o aeroporto de Cingapura — tem sido o de tentar melhorar a imagem do empreendimento, resolvendo problemas que são alvo das reclamações dos usuários há anos. Entre eles, elevadores danificados, ar-condicionado inoperante, escadas e esteiras rolantes paradas e banheiros em péssimo estado de conservação. Com uma circulação de 17 milhões de passageiros por ano e previsão de crescimento de 5% na movimentação este ano, melhorar a marca Galeão também é um desafio para a atração de novos serviços e empresas aéreas.
O presidente do consórcio, Luiz Rocha, diz que, em seis meses, o foco foi na melhoria dos serviços básicos, no investimento em padrões de segurança nos pátios e pistas e a reformulação do terminal de cargas. Tudo isso em cima de uma estrutura com mais de 40 anos de uso. Além disso, ele corre contra o tempo para deixar o aeroporto com mínimos padrões de atendimento até os Jogos Olímpicos, em 2016.
“O Galeão é uma estrutura muito antiga, que recebeu poucos investimentos ao longo do tempo. Nosso papel agora é reagir com ações concretas. Obviamente, são justas as reclamações de quem circula pelo aeroporto. De passageiros a tripulantes de empresa aéreas, além do contingente de 18 mil pessoas que trabalham nos terminais. Procuramos resolver as mais urgentes, caso das escadas rolantes, muitas delas ainda do tempo da inauguração do aeroporto. Trocamos as 64. Estamos trabalhando na manutenção e reposição do sistema de ar- condicionado. São 80 quilômetros de tubulação. A temperatura ainda não é a ideal em todas as áreas do aeroporto”, justifica Rocha. O consórcio está desembolsando R$ 400 milhões nestas obras. Hoje, 65% da receita do aeroporto vem de tarifas aeroportuárias e 35% de receitas comerciais. Rocha não abre os números porque, diz ele, ainda se misturam com os dados da Infraero. Sua meta é ampliar a receita comercial com um mix de lojas completo.
“Estamos fechando novos contratos, diversificando o perfil, com cafeterias, restaurantes, lanchonetes, bares, entre outras operações na área de serviços. Toda a mudança tem como base uma pesquisa que encomendamos à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) sobre as demandas do aeroporto e o perfil do usuário, que tem curso superior e renda mensal média de R$ 11 mil”, completa.
Também com base na pesquisa, a empresa acertou com o Grupo Accor a construção de dois hotéis, com as bandeiras Novotel e Ibis, na área onde funcionava o antigo prédio da administração do Galeão. O grupo está investindo R$ 100 milhões nas obras, que ficam prontas em 2017.
Junto às companhias aéreas, o consórcio negocia o aumento de frequências e a entrada de nova empresas. Uma delas, a alemã Condor, começa em novembro a rota Rio-Frankfurt. Para Rocha, com a saturação dos aeroportos, o Galeão poderá voltar a ser, em breve um hub — centro de distribuição de voos — no segmento internacional.
Já no segmento de cargas, além das obras de ampliação em andamento, será preciso negociar o retorno de empresas de logística para dentro do aeroporto.
“Perdemos muito espaço para os demais aeroportos que se modernizaram antes. Para se ter uma ideia, cargas com origem e destino no Rio, desciam em Campinas para vir de carreta para a nossa cidade, com um aeroporto próximo das principais rodovias e do porto do Rio. Estamos apresentando o projeto do novo terminal de cargas. E vamos inaugurar uma nova câmara frigorífica no final de março que vai triplicar nossa capacidade de armazenagem”, comenta.
Até abril de 2016, as obras no aeroporto vão custar R$ 1,8 bilhão. Deste total, R$ 1,1 bilhão são de um empréstimo ponte feito no BNDES. O consórcio já está negociando um segundo aporte junto ao banco, de R$ 1,8 bilhão, para liberação ainda este ano.
Fonte: Brasil Econômico – RJ