Fonte Anvisa
Servidora da Anvisa é uma das autoras do trabalho.
O artigo científico Consumption of antibiotics in Brazil – an analysis of sales data between 2014 and 2019, publicado recentemente na revista internacional Antimicrobial Resistance & Infection Control, analisa o consumo de antibióticos no Brasil entre os anos de 2014 e 2019. A análise foi baseada nos dados de vendas de farmácias e drogarias, fornecidos pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), e na classificação AWaRe (Acesso, Vigilância e Reserva) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A servidora Mônica da Luz Carvalho Soares, da Gerência de Farmacovigilância (GFARM) da Gerência-Geral de Monitoramento (GGMON) da Anvisa, é uma das autoras do artigo.
O principal objetivo da pesquisa foi descrever as tendências do consumo de antibióticos em todas as 27 unidades federativas do Brasil, que foram agrupadas nas cinco regiões do país: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, conforme as estimativas populacionais do IBGE para os anos intercensitários de 2014 a 2019.
Crescimento nas vendas de antibióticos
O estudo revelou um aumento no consumo de antimicrobianos no período analisado. As vendas totais de antibióticos aumentaram 31,2%, passando de 44.964.792 unidades em 2014 para 59.319.550 unidades em 2019. A região Sudeste, que representa 41,8% da população brasileira, foi a que mais contribuiu para o total de vendas, com uma variação de 23.219.570 unidades vendidas em 2014 para 30.087.600 unidades em 2019, o que corresponde a mais de 50% do total das vendas de antimicrobianos no país. Já a região Norte, que representa cerca de 8% da população, teve um impacto menor, com cerca de 5% das vendas totais.
Análise regional do consumo
A amoxicilina, a azitromicina e a cefalexina foram os antimicrobianos com maiores volumes de vendas entre 2014 e 2019 no Brasil.
O estudo também evidenciou variações regionais no consumo de antibióticos. A região Centro-Oeste apresentou o maior aumento percentual nas vendas, com 55,4%, seguida pela região Sul (33,4%). Por outro lado, a região Sudeste, apesar de ser a maior em termos absolutos, teve um aumento mais moderado, de 29,6%.
Entre os antibióticos consumidos, as quinolonas (como o ciprofloxacino e o levofloxacino), os macrolídeos (como a azitromicina) e os antibacterianos beta-lactâmicos (como a ceftriaxona) apresentaram elevados volumes de vendas em todas as regiões estudadas.
Importância do monitoramento para as políticas públicas
De acordo com a pesquisa, o monitoramento do consumo de antibióticos é essencial para entender os padrões de uso e a resistência microbiana no país, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e estratégias para o uso racional desses medicamentos. O estudo é uma ferramenta importante para subsidiar intervenções voltadas para a otimização do uso de antibióticos no Brasil, com o objetivo de conter o avanço da resistência antimicrobiana.
A pesquisa reforça a importância do papel da vigilância sanitária e da farmacovigilância na promoção da saúde pública e no controle da resistência microbiana, desafios que envolvem tanto as autoridades sanitárias quanto os profissionais de saúde, a indústria farmacêutica e a sociedade como um todo.